Luísa, 46, despertou alarmada. Era a hora da reunião virtual. Na pauta, ações de marketing para a Copa de 2042.
O home office, antes festejado, tirou sua paz. Manhã, tarde, noite, não tinha hora para a chefe lhe cobrar tarefas.
A meia noite e meia, o holograma surgiu no seu quarto. Era a chefe. Cobrou planilhas, obrigações e opinião a um problema familiar. Ao se despedir, lembrou: “amanhã cedo tem reunião, viu?”.
Depois da pandemia da covid-19 o mundo mudou. Todos respeitam o ser humano e o meio ambiente. Não há fome, guerras ou ganância. A política é só pelo bem de todos. Há muito amor.
Luísa acordou decepcionada. Fora um sonho.
Como no pós Gripe Espanhola, passado os anos, no pós Covid-19 a humanidade continua desumana.
Ela pensou: “talvez na próxima”.
PS – Escrevi este conto para o edital “Arte Como Respiro – Literatura” do Itaú Cultural. Não fui selecionado. Ao todo, o Itaú selecionou 200 escritos de 24 estados brasileiros. Fiz uma breve busca na lista dos contemplados e encontrei os seguintes número e estados no Top 5: 61/SP, 36/RJ, 14/MG, 12/RS, 9/PE. A Bahia teve 07 contemplados.
Imagem: Reprodução vídeo “Hologramas por la Libertad”
Leia também: Tentativas – De quando tentei escrever um soneto pela primeira vez.

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