Luta em prol da Igreja da Caroba já dura sete anos

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Igreja histórica não é tombada e nem foi restaurada
Na tarde deste domingo, 28 de Dezembro, o Prefeito Juscelino Souza re-inaugurou a Igreja da Caroba como uma das últimas “inaugurações” do seu governo.

Festa e omissão de informações, como já acontecido nos casos da Rua 08 de Agosto e do Mercado Municipal.

Não é do meu conhecimento de que tenha acontecido uma completa reforma, muito menos obras de restauro na Igreja da Caroba. O serviço feito é mais direcionado para uma intervenção emergencial.

Intervenção está, aliás, só executada pelo Governo Juscelino, após muita provocação e mobilização dos movimentos sociais, conforme atesta relato de Kau Santana[1]

O texto de Kau informa que a luta pelo restauro e tombamento da Igreja começou em 2001 por iniciativa de Aristeu Nogueira. Ao que parece, o atual Prefeito de Irará (agora em seus últimos dias de mandato) pegou bonde andando. E quem é carona não pode pousar de condutor.

Leia abaixo a integra do relato de Kau Santana:

HISTÓRICO DO PROCESSO DE SOLICITAÇÃO DO TOMBAMENTO E RESTAURAÇÃO DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO DA CAROBA[2]

10/08/2001

Aristeu Nogueira encaminha carta ao IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, solicitando o tombamento e restauração da Igreja.

18 a 20/12/2001

Período de realização da inspeção técnica feita pelo arquiteto Francisco Assis Salgado Santana do IPHAN.

28/12/2001

Aristeu Nogueira recebe oficio nº 1.100/01 da então Superintendente da 7ª SR do IPHAN, Sra. Adalgisa Maria Bomfim, encaminhando o relatório de Inspeção Técnica da Igreja, elaborado pelo referido arquiteto, que concluiu pela necessidade de ser efetuada a proteção legal da igreja reconhecendo a sua importância histórica.

Nesse oficio recomenda o envio para o IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da documentação sobre a Igreja, propondo o tombamento pelo Estado, e conclui louvando a iniciativa de Aristeu no sentido de buscar proteção para o importante imóvel.

24/05/2002

Oficio assinado por Aristeu Nogueira é encaminhado a Sra. Maria Adriana Couto de Castro, então diretora geral do IPAC, encaminhando documentos e solicitando o tombamento e restauração da igreja.

MAIO E OUTUBRO/2003

Movimento Cultural Viva Irará – MCVI encaminha ofícios ao Sr. Julio Braga, então diretor geral do IPAC e à Superintendente de Cultura. As preocupações colocadas referiam-se à defesa da integridade dos patrimônios relativos às igrejas da Caroba e de Bento Simões. Solicitava o tombamento da primeira e a restauração da segunda (já tombada). No oficio de outubro adicionou-se um pedido de socorro para salvar a Igreja da Caroba, ameaçada de ruir devido aos estragos causados pelas fortes chuvas que ocorreram no mês de setembro daquele ano.

2004

O MCVI juntamente com alguns moradores da Caroba organizou e realizou um evento/festa de largo na comunidade, com bingo, leilão, barraca de comidas e bebidas para angariar fundos com o objetivo de realizar alguma intervenção mais imediata no imóvel de modo a impedir o seu desabamento. Os recursos arrecadados, insuficientes para promover a pretendida ação foram depositados em conta poupança em conjunto (Associação comunitária local e MCVI), enquanto se buscava complementação e/ou outra alternativa para a solução do problema.

05/05/2005

O MCVI e a Associação Comunitária local mais uma vez solicitam intervenção do IPAC e consegue a vinda do arquiteto José Adolfo Roriz, que durante uma semana, desse mês de maio, realizou uma inspeção na igreja e produziu um relatório técnico e um orçamento para a restauração do imóvel.

11/07/2005

O MCVI recebe oficio nº 295/05, do então diretor geral do IPAC, Sr. Julio Braga, endereçado a Kau Santana (Pres. Do Conselho de Administração do Viva Irará) encaminhando o relatório Técnico e o orçamento para a restauração da Igreja. Em contato pessoal com Kau, o citado diretor adiantou que o órgão governamental não dispunha de recursos para bancar tal investimento, em torno de R$ 77.000.00.

Junho/2007

O MCVI e a Associação Comunitária local encaminharam oficio ao atual diretor geral do IPAC, Sr. Frederico Mendonça, com relato das tentativas de restauração até ali desenvolvidas para proteger a Igreja, solicitando a atualização do projeto de restauração e um orçamento para uma intervenção emergencial, no que fomos atendidos.

Julho/2007

Chegada a Irará do arquiteto, o mesmo de 2005, José Adolfo Roriz, do IPAC para nova inspeção da igreja e atualização do projeto de restauração.

08/08/2007

O MCVI promove mobilização da comunidade iraraense e realiza uma caminhada pelas ruas da cidade no sentido de sensibilizar e convocar os seus habitantes para se integrarem na luta pela restauração da Igreja da Caroba e preservação do que ainda resta do nosso patrimônio arquitetônico. Antecede a esta caminhada um trabalho nas escolas do município, de sensibilização sobre a importância da preservação dos poucos prédios antigos que ainda restam no município.

Fevereiro/2008

MCVI recebe relatório do IPAC com proposta de intervenção emergencial solicitada. O Viva Irará convoca um pedreiro e um carpinteiro e transforma a proposta em orçamento, chegando ao montante de R$ 5.500,00. Orçamento é entregue à Prefeitura, com pedido de uma breve resposta quanto à mesma assumir os referidos custos da intervenção emergencial. Pretendia-se realizar as obras antes das chuvas de inverno.

Março/2008

Passadas três semanas após entrega do orçamento à prefeitura e sem resposta, o MCVI e a Associação Comunitária local, sacam o dinheiro que tinham em poupança, no valor de R$ 1.747,58 e compra parte do material constante do orçamento. A outra parte foi obtida através de doações: telhas (Eduardo Portela), caminhão de areia (Adriano Paes Coelho), R$ 50,00 (Salvador/Dora), R$ 500,00 (Dr. Deraldo Portela). Com o material já adquirido fomos procurados pela prefeitura que resolveu assumir o custo da obra. Sugerimos então que assumisse a mão de obra, o que foi aceito.

Isso foi o bastante para circular entre a população local que a obra em realização na igreja é de autoria exclusiva da Prefeitura.

Próximas etapas: Pintura (depende de definição do IPAC), instalação hidráulica e elétrica e restauração dos moveis (para isso temos R$ 500,00).

[1] Ativista cultural, Kau Santana é um dos lideres do Movimento Cultural Viva Irará.
[2] Texto a mim enviado por e-mail dia 29 de setembro de 2008.

Uma resposta para “Luta em prol da Igreja da Caroba já dura sete anos”.

  1. Avatar de gesue79

    Um colega da UEFS(eng. João Vianey) fez a Monografia dele baseada no estudo das patologias estruturais da igreja da Caroba constatando os principais problemas e fazendo estudo dos mesmos.Estudos existem só falta agora a melhor parte a ação…

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