Imagine um maluco à solta, armado até os dentes, nas ruas, atirando a esmo…
Alguém iria pra rua?
Acredito que não.
Assim é com o vírus. Muitos ainda não perceberam, mas o vírus, que não é nada boêmio, nas suas condições atuais, é um tiro.
A gente não sabe quem ele pode atingir. E, caso acerte alguém, há chance de matar.
Então, como na situação hipotética da ilustração inicial, é melhor não correr o risco.
Sair, só quando for extremamente necessário, o vírus ainda está a solta. Para ele não tem cura e até os “recuperados” podem se re-infectar.
É verdade que tem vacina, mas, lembre-se: ainda não chegou para todos e nem sabemos quando chegará.
Canção
Encontrei guarida nessa reflexão do vírus como o tiro, em uma canção dos Paralamas do Sucesso.
O hit chama-se “O Calibre” e abre o disco “Longo Caminho”, datado de 2002.
Lógico que quando os Paralamas lançaram essa canção não se imaginava viver em pandemia.
A letra, de certo, reflete a violência. Só que, com o olhar de agora, a gente vê como ela se encaixa na situação atual.
Para refletir o que digo, reproduzo a letra da canção, abaixo, trocando apenas a palavra “tiro” pela palavra “vírus”.
E faço alguns comentários abaixo das estrofes, para reforçar o quanto a canção se encaixa na realidade atual.
Letra
O Calibre
Os Paralamas do Sucesso
Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei d’aonde vem o (tiro) vírus.
[Com um vírus letal à solta, vivemos alertas. A morte à espreita E qual o calibre? Ou seja, qual a carga viral? De onde vem o vírus? Ele pode estar em qualquer toque, superfície ou ambiente.]
Por que caminhos você vai e volta?
Aonde você nunca vai?
Em que esquinas você nunca para?
A que horas você nunca sai?
Há quanto tempo você sente medo?
Quantos amigos você já perdeu?
Entrincheirado, vivendo em segredo
E ainda diz que não é problema seu
[O vírus pode estar em qualquer parte. Nossos caminhos, esquinas e até os lugares onde a gente não tem coragem de ir, representam perigo. Temos horas para sair (toque de recolher). Mais de um ano de medo. Um amigo me relatou ter perdido quatro conhecidos para a Covid19. E há quem diga não haver problema…]
E a vida já não é mais vida
No caos ninguém é cidadão
As promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
[Viver assim não é vida. E se o caos se instalar de vez? Se faltar oxigênio, profissionais, hospitais, cemitérios… Quem será cidadão? E se o Estado segue inerte, não seremos mais nação. Teremos só promessas esquecidas].
Perdido em números de guerra
Rezando por dias de paz
Não vê que a sua vida aqui se encerra
Com uma nota curta nos jornais
[Quase 4 mil mortos por dia no Brasil. Números que aparecem frios em citações (menos que notas) nos jornais. São números de guerra. Estamos rezando por dias de paz]
Imagem: Adaptação sobre foto de Karolina Grabowska no Pexels | Instagram @kaboompics
Música no youtube:

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