A seleção Jeguerê entrou em campo. Na escalação Manele do Acordeon, Nilson Aquino e Saracú de Nazareno. Um time pra jogar bonito e empolgar a torcida. Manele bateu bola na preliminar e passou para o Saracú. Os meninos fizeram uma bela jogada, atravessaram todo o campo e tabelaram com Nilson Aquino já lá na frente. É Gol! A torcida foi ao delírio. Ahñs, Ahñs, Ahñs, Ahñs! Rezou, cantou, bebeu, beijou!
Antes da chegada ao gol, uma barreira no caminho. O desvio anunciava a virado do jogo. A chegada na Campos Martins foi pelo sentido inverso. O Capitão do time Saracú nem esperou a rua se estreitar de fato. “Pára tudo! Não vamos entrar nesta rua tocando xote”, alertou o irreverente vocalista. O seu aviso fez o público delirar e acelerar. Forró galope e alguns trocam socos, outros trocam abraços. A efervescência do momento revelou a perfeita dupla de ataque que formam Saracú e Jeguerê.
A parceria foi oficializada em 2004. Coincidência ou não, ano do casamento do jegue. O Jeguerê levou o Saracú ao conhecimento de todo o público iraraense. O Saracú deu ao Jeguerê a afirmação do seu caráter irreverente e jovial. É como se um tivesse nascido para o outro. Nem o tempo dado na relação em 2005, quebrou o ritmo do jogo da dupla. Mais que casamento, entrosamento perfeito.
A sintonia dentro do campo, ou das cordas, não seria suficiente caso não houvesse dedicação fora dele. Nos bastidores, o Jeguerê conta com o trabalho de uma variada comissão técnica. O espectro de composição é amplo. Tem os cordeiros, para garantir que o “pelanca” não invada o campo; o pessoal de apoio, pronto para atender qualquer eventualidade; e os comissários, tão empolgados quanto chefes de torcidas organizadas.
O esquema tático é definido por uma dupla de organizadores. Artur Modesto (só no sobrenome) tá mais pra Felipão do que pra Parreira. Gosta de ver o time “brigando”, dando tudo de si, jogando na raça e na vontade. Eder Martins, mais cauteloso, prefere o jogo coerente para evitar furos na defesa financeira da agremiação.
Os dois contam com a participação de um conselheiro. Idealizador do bloco, o amigo é uma espécie de Zagalo para o Jeguerê. Ele Representa a história, a tradição, os títulos conquistados anteriormente. “L-u-c-i-a-n-o–d-e–R-e-g-e”, 13 letras.
Dr. Lú talvez não imaginasse em 1998, ano de criação do Jeguerê, que aquela “brincadeira da galerinha” (grifo meu) fosse tão longe. Ele, junto com Omar, Neto e Zé, dentre outros, simplesmente fundaram o bloco de maior público, repercussão e, ao menos até onde sei, o de maior longevidade da história de Irará.
O Brasil não foi hexa, mas o Jeguerê continuou sendo um arrastão campeão. Honrou a camisa. Assim como fez um conterrâneo nosso lá na Alemanha. Nilson Aquino, artilheiro de composições para o bloco, foi quem estava certo. “O Jeguerê é Dida/ é de dá inveja”.
Deixe um comentário